Zeina Latif analisa desafios e caminhos da Reforma Tributária

Para abrir a programação da tarde desta sexta-feira, último dia da 21ª CONESCAP, a economista Zeina Latif apresentou uma análise profunda sobre um dos temas mais decisivos para o futuro do país: a reforma tributária e seus impactos na economia brasileira.

Com sua reconhecida trajetória em políticas públicas e desenvolvimento econômico, Latif trouxe uma leitura realista e esperançosa dos desafios e oportunidades que acompanham a implementação da reforma. Em sua palestra, destacou caminhos para tornar o sistema tributário mais eficiente, equitativo e favorável ao crescimento.

“Ficar pequeno significa ser pouco produtivo. Muitas vezes, ter escala de produção é o melhor caminho para ser eficiente”, afirmou, ao comparar o desempenho de empresas brasileiras com o de outros países.

A economista observou que a reforma representa um desafio especialmente relevante para o setor contábil, que precisará compreender e se adaptar às novas complexidades do modelo. Ainda assim, avaliou as mudanças como um passo essencial para modernizar o sistema e corrigir distorções históricas.

Avanços e aspectos positivos

Entre os principais pontos positivos, Latif destacou a criação do Imposto sobre Valor Agregado (IVA), que deve reduzir a cumulatividade, simplificar o recolhimento e eliminar a guerra fiscal entre estados. Também ressaltou ganhos como a redução da judicialização, menores custos de conformidade, isenção sobre exportações e o estímulo ao investimento produtivo.

A economista lembrou que países emergentes, como o Brasil, ainda concentram grande parte da tributação sobre o consumo — em contraste com as nações desenvolvidas, que priorizam a tributação sobre a renda. Para ela, reconhecer e corrigir esses desequilíbrios é fundamental para construir um sistema tributário mais justo e sustentável a longo prazo.

Entraves e desafios

Latif também abordou os obstáculos que historicamente dificultam o avanço da reforma, como a lentidão na aprovação, o excesso de concessões políticas e o modelo dual que marcará o período de transição. Essa complexidade, segundo ela, pode gerar custos adicionais e elevar a alíquota padrão, em função das exceções e benefícios concedidos.

Entre os fatores que limitam transformações mais profundas, citou o patrimonialismo, a polarização política e as desconfianças institucionais, que frequentemente resultam em oportunidades perdidas para mudanças estruturais mais robustas.

Olhar para o futuro

Apesar dos desafios, Latif reforçou que as reformas são indispensáveis para um Brasil mais produtivo e competitivo. Um sistema tributário mais equilibrado e transparente, afirmou, pode estimular o consumo, aumentar a eficiência empresarial e fortalecer o mercado interno.

Encerrando sua participação, a economista deixou uma mensagem de otimismo cauteloso:

“O Brasil tem jeito — mas exige coragem, persistência e compromisso com o longo prazo.”

Logo após a palestra, os participantes seguiram para o intervalo de almoço, que contou com atração musical especial para encerrar o turno da manhã e celebrar o encerramento da 21ª CONESCAP.

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